Carta
Aberta à população em resposta à construtora Tenda-Gafisa, em razão dos
acontecimentos no Condomínio Mirante do Lago

A desconfiança advinha da
constatação empírica de que o empreendimento não poderia receber o Habite-se,
pois as falhas na construção eram evidentes, saltando aos olhos, mesmo de
pessoas leigas; problemas relacionados à falta de sinalização, de equipamentos
obrigatórios, etc.
Visando obter uma resposta
oficial da autoridade competente e, ainda, não possibilitar especulações, no
mês de agosto daquele ano, um dos conselheiros do condomínio, protocolou ofício
junto aos bombeiros, solicitando esclarecimentos sobre a emissão do
‘Habite-se’. O documento protocolado gerou um procedimento de investigação
interna e novas vistorias foram realizadas no condomínio.
Em todas as ocasiões nas quais
os oficiais estiveram vistoriando as instalações do condomínio, sustentavam a
alegação de que o prédio tinha diversas pendências e inconformidades e que,
portanto, não poderia ter recebido o Habite-se.
As suspeitas transformaram-se
em realidade e, na semana passada (30/01/2013), a sociedade paraense tomou
conhecimento do escândalo de corrupção e
de vendas de habite-se falsos, crimes que envolviam diretamente um oficial
da corporação dos bombeiros do estado do Pará.
Para a maioria dos moradores do
Mirante do Lago, a notícia não trazia nenhuma novidade, pois estes conheciam de
perto a realidade do condomínio e os problemas enfrentados no cotidiano, tais
como: infiltrações, rachaduras no piso e
em paredes, falta d'água, elevadores que não funcionam, porta corta-fogo que
não fecha e sistemas de prevenção de incêndios inoperantes.
Todo este processo culminou em
novo procedimento de vistoria e de constatação das irregularidades; porém, em
razão da repercussão do escândalo de corrupção e de venda do habite-se, além do
clima de comoção pública, devido ao incêndio ocorrido na Cidade de Santa
Maria/RS, o Corpo de Bombeiros emitiu documentação exigindo que “todas as irregularidades sejam solucionadas
em 10 dias; caso contrário, o condomínio será embargado e os moradores não
poderão mais entrar em seus apartamentos”.
No último domingo (05/02/2013),
a edição do Jornal Diário do Pará publicou uma reportagem sobre o caso, com
alguns depoimentos dos moradores, os quais relataram inclusive um principio de
incêndio, em uma das torres.
Dentre outras coisas, o que
revoltou, a nós moradores, foi a resposta da empresa, para qual, como réplica,
redigimos esta carta aberta, respondendo cada item da afirmação do
representante da Gafisa:
a) Em nota, a Gafisa já havia se pronunciado informando que todos
os seus empreendimentos no Pará são executados de acordo com projetos aprovados
pelos órgãos competentes. A construtora diz que eventuais exigências das
autoridades locais “foram cumpridas com
aprovação formal por meio de vistorias, realizadas no próprio local dos
empreendimentos e alvarás competentes”.
RESPOSTA: Se o projeto foi executado da forma como aprovado pelos
órgãos competentes, por que a necessidade de comprar um Habite-se falso? Se as
obras estão em conformidade, por que o Corpo de Bombeiros emitiu documento
dando prazo de 10 dias para que as pendências sejam resolvidas, caso contrário será
determinado o embargo? O Corpo de Bombeiros está mentindo? Criando um factoide?
b) De acordo com as declarações da empresa, não há ameaças
iminentes para os moradores.
RESPOSTA: Como não existem riscos iminentes? Existem andares e
ambientes em que não se encontram
detectores de fumaça e alarmes
de incêndio. Algumas portas corta-fogo não fecham, outras abrem com
dificuldades. As mangueiras estão desconectadas, muitas amarradas ou enroscadas
na tubulação. O sistema de para-raios foi todo substituído pelo próprio
condomínio, pois o original (entregue pela construtora) não funcionava, fato
que gerou um princípio de incêndio na torre 08. Em alguns pontos não existe a
iluminação adequada; enfim, o último
levantamento do Corpo de Bombeiros constatou mais de três laudas de
irregularidades e até este momento não foram resolvidos pela Gafisa.
c) Segundo Mário Neto, representante da Gafisa, a vistoria técnica
dos Bombeiros foi complementar e o condomínio não apresenta problemas de
infraestrutura. “O que os Bombeiros solicitaram foi a instalação de alguns
equipamentos e sinalização apropriada.
RESPOSTA: Aqui o representante da Gafisa entra em contradição;
inicialmente, nega a irregularidade, agora informa que existem pendências. Se
não existissem irregularidades, por que então, a empresa optou pelo caminho de
negociar um Habite-se com um oficial da corporação?
d) “O condomínio não tem
problemas de infraestrutura. Pelo amor de Deus! Isso é até calúnia” –
afirmou Neto.
RESPOSTA: O condomínio está repleto de problemas de infraestrutura:
Portão eletrônico quebrado; elevadores que nunca funcionam; poços, cisternas e
caixa d'água com sujeiras e ferrugem em demasia; tubulação hidráulica de
péssima qualidade, as quais estão quebrando por não suportarem a pressão da
água; rachaduras e infiltrações nas paredes e pisos, principalmente nos andares
mais altos; para-raios que não funcionavam; área de lazer com aspecto de
envelhecido, piscina sem condições de uso, quadras interditadas... Então, dizer
que os moradores ou a imprensa estão caluniando, só pode ser piada e de muito
mau gosto!
e) O Mirante do Lago tem “Habite-se” devidamente registrado na
Prefeitura e no Corpo de Bombeiros.
RESPOSTA: Por que o bombeiro acusado do crime foi detido? Então, só
nos resta pedir a liberdade do oficial que encontra-se preso, pois se o
documento que ele vendeu é valido, segundo o nobre representante da Gafisa,
tudo o que a justiça apurou são inverdades?
Os moradores
Calúnia é crime; propaganda
enganosa também é!
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